Por que Deus permite que aconteça o Mal ?

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Se Deus é justo e bom por que permite o mal ? Quantas e quantas vezes nos deparamos com este questionamento, principalmente dos incrédulos que utilizam deste pensamento para provar a incoerência em Deus. neste artigo iremos fazer um estudo através do Evangelho segundo o espiritismo do porque Deus permite que o mal aconteça.


ESCÂNDALOS. SE A VOSSA MÃO É MOTIVO DE ESCÂNDALO, CORTAI-A
11.“ Se algum escandalizar a um destes pequenos que crêem em mim, melhor fora que lhe atassem ao pescoço uma dessas mós que um asno faz girar e que o lançassem no fundo do mar.”

“Ai do mundo por causa dos escândalos; pois é necessário que venham escândalos; mas, ai do homem por quem o escândalo venha. Tende muito cuidado em não desprezar um destes pequenos. Declaro-vos que seus anjos no céu vêem incessantemente a face de meu Pai que está nos céus, porquanto o Filho do homem veio salvar o que estava perdido. Se a vossa mão ou o vosso pé vos é objeto de escândalo, cortai-os e lançai-os longe de vós; melhor será para vós que entreis na vida tendo um só pé ou uma só mão, do que terdes dois e serdes lançados no fogo eterno. – Se o vosso olho vos é objeto de escândalo, arrancai-o e lançai-o longe de vós; melhor para vós será que entreis na vida tendo um só olho, do que terdes dois e serdes precipitados no fogo do inferno.
(MATEUS, 18:6 a 11; 5:29 e 30)

Do livro : Evangelho Segundo o espiritismo, capítulo VIII, item 11.


Este trecho de Mateus, retirado do evangelho segundo espiritismo inicia o estudo acerca do mal, ou como ele é dito nas escrituras antigas : o escândalo. Sabemos que o escândalo ao que se entendem os homens é algo que apenas fira-lhes a moral enquanto os outros sabem, desde que, portanto, fique em segredo, a eles nenhum mal causa.

É necessário então, pois, buscar o sentido geral e amplo que o evangelho nos trás da palavra. Segundo Jesus, escândalo seria tropeço, o mau exemplo, princípios falsos, abuso do poder, em suma, tudo que de mal o homem pudesse fazer. Com isso, poderíamos alterar a frase para : “Ai do mundo por causa do mal; pois é necessário que venha o mal; mas, ai do homem por quem o mal venha.” sem que, com isso, haja perda do sentido literal da máxima evangélica.

Entendido a etimologia bíblica e sua interpretação passamos agora a questão cerne do artigo: Se Deus é tão bom por que permite o mal aconteça? E para isso iremos destacar mais um trecho de o evangelho segundo o espiritismo, mesmo capítulo do trecho anterior.

13. É preciso que haja escândalo no mundo, disse Jesus, porque, imperfeitos como são na Terra, os homens se mostram propensos a praticar o mal, e porque, árvores más, só maus frutos dão. Deve-se, pois, entender por essas palavras que o mal é uma conseqüência da imperfeição dos homens e não que haja, para estes, a obrigação de praticá-lo.

14. É necessário que o escândalo venha, porque, estando em expiação na Terra, os homens se punem a si mesmos pelo contacto de seus vícios, cujas primeiras vítimas são eles próprios e cujos inconvenientes acabam por compreender. Quando estiverem cansados de sofrer devido ao mal, procurarão remédio no bem. A reação desses vícios serve, pois, ao mesmo tempo, de castigo para uns e de provas para outros. É assim que do mal tira Deus o bem e que os próprios homens utilizam as coisas más ou as escórias.

Neste trecho podemos entender que o mal é o livre-arbítrio do homem outorgado por Deus sendo mal utilizado. Deus nos permite que ajamos conforme nossa vontade mas a lei de causa e efeito cobra o seu preço. Deus permite que erremos para que aprendamos e este instrumento de aprendizado é condizente ainda com nossas imperfeições morais. Um dia os homens não lograrão mais prazeres em praticar o mal e , neste dia, o mundo irá expurgar o mal, assim como outros mundos felizes o fizeram.

15. Sendo assim, dirão, o mal é necessário e durará sempre, porquanto, se desaparecesse, Deus se veria privado de um poderoso meio de corrigir os culpados. Logo, é inútil cuidar de melhorar os homens. Deixando, porém, de haver culpados, também desnecessário se tornariam quaisquer castigos. Suponhamos que a Humanidade se transforme e passe a ser constituída de homens de bem: nenhum pensará em fazer mal ao seu próximo e todos serão ditosos por serem bons. Tal a condição dos mundos elevados, donde já o mal foi banido; tal virá a ser a da Terra, quando houver progredido bastante. Mas, ao mesmo tempo em que alguns mundos se adiantam, outros se formam, povoados de Espíritos primitivos e que, além disso, servem de habitação, de exílio e de estância expiatória a Espíritos imperfeitos, rebeldes, obstinados no mal, expulsos de mundos que se tornaram felizes.

Ainda que seja necessário, o mal é o mal e tem efeitos negativos para quem o pratica. Todo ser tem a faculdade de escolher agir ou não através do mal e para isso basta a sua vontade. Situações que levam o ser a praticar o mal precisam, no final de tudo, da anuência do espírito a fim de que o mal seja feito até os últimos termos. Ainda no evangelho o item 7 do capítulo estudado nos trás o seguinte e importante trecho que nos reforça esta ideia da graduação do mal:

7. […]Em resumo, naquele que nem sequer concebe a ideia do mal, já há progresso realizado; naquele a quem essa ideia acode, mas que a repele, há progresso em vias de realizar-se; naquele, finalmente, que pensa no mal e nesse pensamento se compraz, o mal ainda existe na plenitude da sua força. Num, o trabalho está feito; no outro, está por fazer-se. Deus, que é justo, leva em conta todas essas gradações na responsabilidade dos atos e dos pensamentos do homem.

Entendemos pois que, dentro da sua graduação, o mal pensamento tem ao menos um momento de reflexão onde o indivíduo pode escolher não praticar o mal. E enquanto  vítima? não seria “destino” ela ser vítima do mal que o indivíduo lhe iria fazer? Caso o agente do mal desista da contenda haveria uma falha nos planos encarnatórios? Em verdade ninguém nasce com destino de fazer o mal. O livre arbítrio sempre age conforme nossas escolhas. Se somos vítima de um assassínio com certeza estamos pagando algum débito passado enquanto o assassino está contraindo um novo débito. Nos casos em que o assassino desista, Deus tem os meios mais eficazes e inteligentes de fazer com que a ex-vítima cumpra seu débito de outra forma que não através do erro de um semelhante. Em outras palavras: Deus sempre tem um meio inteligente, justo e misericordioso de fazer seja cumprida a lei de causa e efeito sem que, para isso, seja adquirido novo débito por outrem.

16.Mas, ai daquele por quem venha o escândalo. Quer dizer que o mal sendo sempre o mal, aquele que a seu mau grado servir de instrumento à justiça divina, aquele cujos maus instintos foram utilizados, nem por isso deixou de praticar o mal e de merecer punição. Assim é, por exemplo, que um filho ingrato é uma punição ou uma prova para o pai que sofre com isso, porque esse pai talvez tenha sido também um mau filho que fez sofresse seu pai. Passa ele pela pena de talião. Mas, essa circunstância não pode servir de escusa ao filho que, a seu turno, terá de ser castigado em seus próprios filhos, ou de outra maneira.
17.Se vossa mão é causa de escândalo, cortai-a.Figura enérgica esta, que seria absurda se tomada ao pé da letra, e que apenas significa que cada um deve destruir em si toda causa de escândalo, isto é, de mal; arrancar do coração todo sentimento impuro e toda tendência viciosa. Quer dizer também que, para o homem, mais vale ter cortada uma das mãos, antes que servir essa mão de instrumento para uma ação má; ficar privado da vista, antes que lhe servirem os olhos para conceber maus pensamentos. Jesus nada disse de absurdo, para quem quer que apreenda o sentido alegórico e profundo de suas palavras. Muitas coisas, entretanto, não podem ser compreendidas sem a chave que para as decifrar o Espiritismo faculta.

Com essas palavras de inteligência e sabedoria o evangelho nos brinda com uma ampla visão do mal e da sua necessidade para o momento evolutivo da terra. Somos imperfeitos e ainda precisamos de tais tipos de lições chocantes e que nos causem medo mas, conforme evoluir o ser humano, mais racionalmente irá entender a lei de Deus e buscando cumpri-la, pouco a pouco o mal irá se extinguir e o mundo se purificará do egoismo e do orgulho humanos que mantém o mal vivo em nossa jornada evolutiva. Devolvamos o mal com o bem, busquemos sempre ser a parede onde a onda do mal não encontrará ressonância. Sejamos homens de bem! muita paz!

8 comentários sobre “Por que Deus permite que aconteça o Mal ?

  1. Deus não permite que aconteça o mal nem o bem, assim como um pai humano entrega as chaves da casa para o filho adulto que promete ser responsável mas se transvia, degenera, se entrega às drogas e coloca fogo na casa que deveria administrar e respeitar. O livre arbítrio é nosso, as chaves estão em nossas mãos para trancar a casa ou deixá-la aberta para o acesso dos malfeitores. Todo o mal da Terra é o resultado do livre arbítrio concedido pelo Pai, acreditando em nossa maturidade e valor e todo o bem da Terra é também obra nossa, após refletirmos que a felicidade parte de nós para o mundo, usando do mesmo livre arbítrio, agindo para o bem de todos, para que Deus possa estabelecer a diferença de conduta entre seus filhos, premiando os bons e corrigindo os equivocados, do contrário não poderia distinguir quem usou bem ou mal seu livre arbítrio com as chaves do destino nas próprias mãos. Por isso Ele é justo, porque não permite que aconteça o mal nem o bem, mas espera que o façamos, cada qual como melhor lhe aprouver.

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  2. Como explicar um estupro seguido de morte ou de uma adolescente? A culpa é da vítima e está na outra encarnação? Eu fui criado e educado dentro do espiritismo, mas é muito difícil explicar isso, e eu não consigo imaginar nenhum bem que possa advir de um episódio . Às vezes eu penso que Deus não existe mesmo, ou não é exatamente o que a gente pense que seja.

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    • Tem alguma coisa errada aí, colega. Se você diz que foi criado dentro do Espiritismo e não obteve resposta para essa pergunta, cara, não dá para entender. Quem sabe seja preciso estudar O Livro dos Espíritos com mais atenção, né, a fim de conseguir encontrar Deus no próprio coração, onde Ele sempre esteve mas onde a gente nem sempre está.

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    • Desculpe, colega, mas tá faltando estudo antes de você cobrar de Deus isso ou aquilo. Deus criou Leis Sábias e Justas e criou seres humanos simples e ignorantes, como alunos em uma escola. Cada aluno se destaca do outro conforme seu livre arbítrio de ser aplicado, rebelde, mal comportado ou ofender os dedicados Mestres. Pode fugir da Escola, rasgar os cadernos dos colegas e quebrar as carteiras conforme seu livre arbítrio, enquanto outros alunos preferem estudar, tranquilos em suas cadeiras, atentos ao Professor à sua frente. Cada aluno recebe sua nota, após a prova. Não é assim na escola? O Mestre não interfere durante a prova porque é indispensável que cada discípulo demonstre quem, na verdade é. Se Deus criasse todos bons, não haveria mérito próprio, todos seríamos robôs, exatamente iguais. O mal não foi criado por Deus, é obra nossa. Leia Kardec. Tá tudo lá.

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  3. O livre-arbítrio é algo ainda muito difícil de se entender. Por vezes nos parece que Deus abandonou seus filhos aqui na Terra, mas aí percebemos em nós mesmos, essa capacidade de fazer o mal, de causar graves prejuízo ao próximo. Muitas vezes somos vítimas em algumas ocasiões e autores em outras. Mesmo sem intenção, ainda fazemos o mal. Então, estou de cá também tentando compreender essa paternidade que nos deixa tão livres sabendo do que somos capazes. O que me alivia o coração é saber que diante da eternidade, o sofrimento de uma encarnação é uma agulhada como nos diz Santo Agostinho no evangelho segundo o espiritismo. Mas também não me satisfaço com essa idéia de que serve para nós a Lei de Talião, afinal o Cristo já veio e nos ensinou o amor e a piedade, o perdão. Como posso ficar pagando na mesma moeda por algo que fiz no passado? E, por acreditar no amor divino e ter recebido inúmeras bençãos, mesmo sendo má algumas vezes, não creio mesmo que o sofrimento (como ser vítima de um crime), conste do nosso planejamento reencarnatório, afinal seria criar um ciclo de sofrimento interminável. Continuo na minha busca por respostas. Mas, posso dizer que sem intenção nenhuma, já fiz mal a alguém e essa lição me transformou para a eternidade. Então sim, o mal tem caráter pedagógico para quem já está cansado de “errar”.

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