As Desencarnações coletivas

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Recentemente o tópico “desencarnações coletivas” tem ganhado destaque nos estudos espíritas e nos debates sobre assuntos cotidianos e a espiritualidade. Resolvemos fazer este pequeno artigo para auxiliar-lhes o entendimento de tal situação; as implicações espirituais, a lei de causa e efeito, a lei de atração e o porque do sofrimento das vitimas segundo o entendimento espírita.

O ponto inicial para se entender os desencarnes coletivos em tragédias é que Deus em sua infinita sabedoria não cultiva o mal como forma de punição. O mal em sí é o mau uso do livre-arbítrio do ser humano. Visto que Deus não faz nada de inútil e de tudo tira proveito para a lei de progresso, também essas tragédias servem de evolução para os envolvidos e para a sociedade.

Como já dissemos no artigo sobre a lei de causa e efeito, tudo que acontece no universo é devido à uma ação inicial. O desencarne em situações complicadas como acidentes, tragédias e situações de desastres também é ferramenta pela qual a lei de ação e reação pode ser executada. Se em uma vida o indivíduo foi um assassino em outra ele pode ser vítima do assassínio. É muito importante frisar porém, que não necessariamente a pessoa será assassinada pois assassinou em outra vida. No evangelho segundo o espiritismo Kardec já nos diz que Deus, em sua lei, tem meios eficientes de quitar os débitos de quem os possui para com a lei, sem que para isso outra pessoa precise contrair um débito também. No caso se Alguém for provocado por obsessão espiritual à cometer atos criminosos isto será uma provação para o espírito, podendo ele ou não atender a este chamado perverso através da sua força de vontade em prevalecer no bem.

Isso significa que o assassino de uma vida não necessariamente será assassinado, podendo passar por outras situações que explorem sua dívida. Há de se lembrar também que o arrependimento sincero e a misericórdia de Deus podem diluir o pagamento do devedor como vimos no artigo sobre A justiça divina. Sendo assim, torna-se dispensável que para a lei de Deus, outra pessoa cometa o mal. O mal não se paga com o mal. Como vivemos em um mundo de provas e espiações ainda temos a tendência ao mal, porém o nosso livre-arbítrio pode recusar-se à pratica do mal, lembremos que não há arrastamento irresistível!

A situação se torna ainda mais complexa se pararmos para pensar que cada um dos envolvidos necessita ter alguma ligação entre si e com a situação vivenciada para que seja estabelecida a conexão entre o desastre ocorrido e o efetivo ressarcimento com a lei. Alguns casos conhecidos muitas vezes são revelados em comunicações mediúnicas como sendo um resgate coletivo de um grupo de espíritos que precisavam se quitar com a lei divina.

Em casos violentos, quando algum espírito encarnado busca assassinar ou atacar um grupo de pessoas a complexidade da situação se eleva ainda mais! Devemos entender que de um grupo grande de pessoas cada uma tem um envolvimento específico com aquela situação vivida e ninguém é “predestinado” a viver aquilo. Durante o curso das encarnações podemos diluir ou agravar nossos débitos com a lei universal e isso definirá muitas das situações que viveremos de sofrimento.

É preciso entender que o caminho evolutivo não necessita passar , necessariamente, pela dor. Nós que inconsequentemente escolhemos a dor através de nossos atos pretéritos que nos deixam em falta para com a lei de justiça, amor e caridade. Daí reside a dificuldade em se avaliar precisamente cada caso e por isso o estudo de desencarnes coletivos precisa ser levado em conta como um estudo de hipóteses dentro da lei de Causa e efeito.

Existem casos relatados em que grupos de espíritos encarnados são levados a uma determinada localidade onde algum tipo de desastre natural ocorrerá. Os espíritos deste grupo em geral precisam passar por alguma situação traumática para rever dívidas passadas ou atuais. Um exemplo encontra-se no livro “Transição Planetária” pelo médium Divaldo Franco, que narra inicialmente os acontecimentos espirituais do Tsunami ocorrido no início do milênio. Na narrativa entendemos que cada um dos que desencarnaram ou sofreram com aquela tragédia tinha motivos peculiares em vida ou de outra vida para estarem passando por aquela situação.

Em casos como o de crianças ou pessoas que pouco viveram e não teriam como possuir dividas atuais para quitar, entende-se que , provavelmente, algum débito pretérito tenha sido expiado naquele momento e a redenção daquela alma se dava ao equilibrar a sua balança da justiça divina.

Outro exemplo na literatura espírita é o livro “Vôo da esperança” que relata os antecedentes espirituais das vítimas de um acidente aéreo ocorrido em congonhas, explorando que algumas das pessoas presentes no vôo foram bárbaros em encarnações de milênios atrás e que expiavam naquela tragédia as consequências de terem sido incendiários no tempo vivido antes de cristo.

Certo é que nenhuma dessas tragédias acontecem sem que delas seja tirado algum proveito. Aos que desencarnaram, o débito de dividas pretéritas que em cada caso seria específico. Aos que ficam, além da espiação para os mais próximos das vítimas, fica também o choque para que, após um sentimento de luto e de incomodo, ajam conforme a nova realidade e busquem enquanto sociedade evoluir.

A tragédia mais recente envolvendo desencarnes coletivos até o presente momento da elaboração deste artigo é o ataque à escola estadual em Suzano, São Paulo. Tal caso ganhou enormes proporções pela triste situação vivida pelas pessoas envolvidas. De certa forma o caso serviu de alerta à toda a sociedade da importância do acompanhamento psicológico de adolescentes. Numa fase tão crítica onde qualquer emoção pode criar um estopim de ações impensadas que sob a influência errada pode causar uma tragédia como a vista recentemente.

Este artigo tem como princípio o de auxiliar no entendimento básico sobre mortes coletivas segundo o espiritismo e com isso deixaremos com vocês uma excelente resposta do mentor espiritual EMMANUEL, sobre o assunto:

PERGUNTA: Sendo Deus a Bondade Infinita, por que permite a morte aflitiva de tantas pessoas enclausuradas e indefesas, como nos casos dos grandes incêndios?

(Pergunta endereçada a Emmanuel por algumas dezenas de pessoas em reunião pública, na noite de 23-2-1972, em Uberaba, Minas).

RESPOSTA:

Realmente reconhecemos em Deus o Perfeito Amor aliado à Justiça Perfeita. E o Homem, filho de Deus, crescendo em amor, traz consigo a Justiça imanente, convertendo-se, em razão disso, em qualquer situação, no mais severo julgador de si próprio.

Quando retornamos da Terra para o Mundo Espiritual, conscientizados nas responsabilidades próprias, operamos o levantamento dos nossos débitos passados e rogamos os meios precisos a fim de resgatá-los devidamente.

É assim que, muitas vezes, renascemos no Planeta em grupos compromissados para a redenção múltipla.

Invasores ilaqueados pela própria ambição, que esmagávamos coletividades na volúpia do saque, tornamos à Terra com encargos diferentes, mas em regime de encontro marcado para a desencarnação conjunta em acidentes públicos.

Exploradores da comunidade, quando lhe exauríamos as forças em proveito pessoal, pedimos a volta ao corpo denso para facearmos unidos o ápice de epidemias arrasadoras.

Promotores de guerras manejadas para assalto e crueldade pela megalomania do ouro e do poder, em nos fortalecendo para a regeneração, pleiteamos o Plano Físico a fim de sofrermos a morte de partilha, aparentemente imerecida, em acontecimentos de
sangue e lágrimas.

Corsários que ateávamos fogo a embarcações e cidade na conquista de presas fáceis, em nos observando no Além com os problemas da culpa, solicitamos o retorno à Terra para a desencarnação coletiva em dolorosos incêndios, inexplicáveis sem a reencarnação.

Criamos a culpa e nós mesmos engenhamos os processos destinados a extinguir-lhe as conseqüências. E a Sabedoria Divina se vale dos nossos esforços e tarefas de resgate e reajuste a fim de induzir-nos a estudos e progressos sempre mais amplos no que diga respeito à nossa própria segurança.

É por este motivo que, de todas as calamidades terrestres, o Homem se retira com mais experiência e mais luz no cérebro e no coração, para defender-se e valorizar a vida.

Lamentemos sem desespero, quantos se fizerem vítimas de desastres que nos confrangem a alma. A dor de todos eles é a nossa dor. Os problemas com que se defrontaram são igualmente nossos.

Não nos esqueçamos, porém, de que nunca estamos sem a presença de Misericórdia Divina junto às ocorrências da Divina Justiça, que o sofrimento é invariavelmente reduzido ao mínimo para cada um de nós, que tudo se renova para o bem de todos e que Deus nos concede sempre o melhor.

(Transcrito do livro: XAVIER, Francisco C. Autores diversos. Chico Xavier pede licença. S.Bernardo do Campo: Ed. GEEM. Cap. 19).

Por fim, indicamos as leituras dos livros citados bem como a leitura do capítulo I e II da quarta parte do livro dos espíritos, bem como a coletânea de preces, nas preces aos que se foram. O tema é demasiadamente complexo e exige muito estudo de todos para uma compreensão mais ampla da situação e das aplicabilidades da lei de Deus em situações como essa.

Desejamos acima de tudo externar nossos sentimentos a todos que passaram por algum tipo de tragédia em sua família e ciclo de relações e que tenham confiança em Deus pois ele está acima de tudo isso, em sua misericórdia infinita, zelando por nós, seus filhos amados. Seja desastre natural ou seja uma tragédia humana, que todos tenhamos fé no pai que cuida de nós!

Muita paz a todos!

 

Relacionados:
Livro “Transição Planetária”
Livro “Vôo da Esperança”
“Livro dos espíritos – Parte quatro, capítulos I e II e parte terceira, lei de destruição”

 

5 comentários sobre “As Desencarnações coletivas

  1. Deus é Misericórdia infinita mas também Justiça infinita. Suas leis, sábias e justas já deveriam estar inseridas em cada consciência humana, mas são esquecidas quando pessoas se agrupam para cometer crimes ou guerras, por isso retornam em futura encarnação, juntas, para o imprescindível resgate. Deus não se compraz assistindo jovens sendo baleados nem se delicia quando aviões se espatifam e explodem no chão, consumindo centenas de vidas. No entanto, ninguém paga sem dever, o que se planta se colhe, seja sozinho ou acompanhado, impossível fugir da dívida ou transferí-la para outra pessoa. A cada um segundo as suas obras, simples assim.

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    • Muito boa sua colocação minha irmã, lembrando tbm q cada um de nós está em um estágio evolutivo. E as atitudes condizem ao grau de maturidade e evolução de cada um.
      O Q parece errado para alguns parace certo para outros.
      Ha de chegar o dia em que saberemos usufruir de nosso livre arbítrio de forma tão natural q somente o bem existirá!
      Nada é por acaso e se convivemos distantes ou não destes irmãos que cometem atos desequilibrados com certeza algum envolvimento temos! Q possamos estar em constante ORAÇÃO!
      Q O MUNDO ESPIRITUAL POSSA ESTAR EMANANDO ENERGIAS POSITIVAS PARA SUPERAR OS MOMENTOS DIFÍCEIS!

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  2. Acredito na reencarnação e na infinita justiça e bondade de Deus nisso Pai.
    Mas gostaria, se possível, esclarecer como fica quem pratica esses assassinatos? São espíritos que nasceram com esse propósito? E por quê?

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      • Concordo, Felipe, ninguém nasce para ser assassino, embora traga a tendência de matar, às vezes incoercível e aparentemente irrefreável. Por isso alertou-nos Jesus para o “orai e vigiai”, porque sabia que nossas fraquezas e distrações nos poderiam levar a atitudes deploráveis que aumentam nosso débito espiritual, além de não resgatarem as dívidas passadas. É preciso manter no estado de alerta os nossos pensamentos e emoções, a fim de que não nos impeçam de sermos bons.

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